Olá pessoal...
Continuo com o tratamento e não
tem sido fácil. Dia 31/07/2017 iniciei o segundo ciclo da quimioterapia.
Continuo com as duas medicações, com os enjoos, com os cabelos caindo. A
diferença é que agora com os cabelos crescendo e caindo ao mesmo tempo, quando
passo a toalha de banho na cabeça, parece que sequei um cachorrinho, kkkkk. A
toalha fica cheia de cabelinhos. Por isso tive de "tosar" de novo
hehehe. Mas as laterais já caíram e estou de moicano, coisa linda kkkk.
DICA: Para me alimentar melhor
e ficar mais forte, minha mãe, fiel companheira, passou a fazer sopas e canjas
com os legumes bem picadinhos e cozidos, o que ajuda muito, já que é só
engolir. E não preciso sentir o sabor mastigando, (já que a quimioterapia
continua alterando muito o paladar).
Os médicos optaram por reduzir
em 15% a toxicidade da quimio e reduzir um dia na semana, pois o primeiro ciclo
quase me matou por envenenamento, como já descrevi no post anterior. Então
continuei com as duas drogas e fiz somente 4 dias, ao invés de cinco. Isso,
acredito eu, me ajudou a conseguir comer sem tantas ânsias, a ficar mais forte
e conseguir andar e ficar "normal" durante esse ciclo.
Coloquei "normal"
entre aspas, porque apesar de me sentir bem durante o fim da quimioterapia, no
dia 09/08/2017 tive uma intercorrência que me deixou com febre.
Corri para o pronto atendimento com os leucócitos em 131. E no dia
10 foram feitos novos exames e ao invés de subirem, continuaram descendo.
Chegando em 64. Mesmo usando filgrastim (remédio superpotente para imunidade).
Minhas plaquetas também baixaram muito e sangrei pelo nariz, o que é muito
grave em paciente com baixa imunidade, pois tinha alto risco de hemorragia.
Foram 7 dias de internamento, recuperando a imunidade e mudando de
quarto em quarto. Me internei na
quarta-feira pela tarde, porém não tinha vaga no isolamento, precisei ficar no
pronto atendimento até que liberasse um quarto. No dia seguinte à noite, foi
liberado um quarto na ALA B, onde reencontrei uma amiga que fiz no primeiro
internamento. Eu não tinha comentado sobre ela, mas seu estado era gravíssimo,
pensei que ela morreria. O tumor dela é no intestino e a quimioterapia muito
forte havia arrebentado uma parte do intestino e ela precisou operar de
imediato para fazer a lavagem. Além disso ela teve de usar uma sonda no nariz
para bombear um líquido preto que estava podre no estômago. Pensei que ela não
fosse aguentar. Orava por ela todos os dias com imposição de mãos e pedia a
Deus pela cura dela. Ela estava muito debilitada e se alimentava pelo cateter.
Não andava e mal conseguia ouvir o que ela falava.
Quando cheguei no quarto na ALA B, deitei na cama, e ouvi a voz
dela, dei um salto de susto e sentei na cama atônita: Meu Deus, é a minha
amiga!!!! Meu coração se encheu de alegria, pois ela tinha saído do isolamento
e estava em quarto comum!!! Todos os dias eu e minha família fazíamos culto e
orávamos por ela, e por todas as pessoas que conhecemos que estão com câncer. E
esperava muito quando a revesse que ela estivesse bem.
No dia seguinte consegui vaga no isolamento, que alívio. Estava
com muito medo de uma infecção no quarto comum. Me despedi da minha amiga com
uma oração, e orei por todas ali no quarto, crendo que assim como Deus agiu na
minha amiga, Ele age em mim e em quem recebe a oração com fé.
Passei mais 4 dias no isolamento, esperando que a imunidade
subisse, tendo dias que subia e dias que baixava, e no sétimo dia, contado do
internamento no geral, a imunidade subiu e establizou, fui para um quarto coletivo
na ALA A.
Lá encontrei uma moça, 25 anos, mãe de um bebê de 4 meses. Rodeada
pelo marido, a mãe e a tia. Estava tudo bem e estávamos conversando, quando ela
teve uma parada respiratória.
Uma vez eu tinha dito que muito descrente aprenderia a orar quando
Jesus voltasse. Mas posso dizer que ver uma pessoa à beira da morte faz
qualquer ser humano a clamar à Deus. Todos entramos em oração pela vida dela. E
eu não pude conter as lágrimas.
Eu já passei por muitos internamentos. Mas esse posso dizer foi o
mais difícil. O choque de realidade foi muito grande. Eu nunca tinha visto uma
pessoa morrer. E já chegando no plantão me deparei com uma emergência de parada
cardíaca, mas como ficamos dentro de biombos, não conseguia ver o que
acontecia, só podia ouvir... e o senhor veio a óbito. Mas ali no quarto, aquela
moça na minha frente, que eu acabava de conversar começou a perder o ar e a
vida dela estava indo embora na minha frente. Eu só poderia orar e clamar a
misericórdia de Deus. Todos clamávamos. E Ele nos ouviu. Ela voltou a si. Foi
lindo ver o agir de Deus. Ali tive certeza que Jesus irá curá-la.
No fim da tarde daquela quarta-feira, tive alta. Orei por ela com imposição
de mãos e plantei a semente da fé naquela família, que está descrente na cura. E
pude renovar a minha fé vendo essa moça, que agora também é minha amiga. O caso
dela é gravíssimo. Ela está desenganada, com um tumor no fígado. Mas tenho
certeza que a fé dela irá curá-la. Não tenho dúvidas disso. O brilho no olhar
dela ainda não apagou.
Eu voltei para casa com sensação de dever cumprido e alma lavada.
Redução tumoral em 30 dias.
Quanto a mim, a quimioterapia apesar de muito forte e de me deixar
muito mal, com a língua prateada, também tem surtido efeito no tumor, que tem
reduzido. Vou iniciar o terceiro ciclo da quimioterapia dia 23/08/2017. Antes
da cirurgia, que foi agendada para 19/09/2017.
Esse ciclo foi todo reavaliado por causa da cirurgia. Agora vou
tomar apenas uma droga, a doxorrubicina, que é a quimioterapia vermelha, e
somente por 3 dias. Antes a meta era reduzir o tumor para que ele fosse
operável. Depois dessa redução, a meta é manter esse tamanho para que a
cirurgiã de cabeça e pescoço possa operá-lo. Após a cirurgia, terei mais um
ciclo de quimioterapia que ainda será pensado.
Quanto ao tratamento da imunidade, teremos de mapear qual dia a
imunidade dá os picos negativos, pois pelo que a médica me explicou, a
imunidade não tem reserva. Teremos de identificar esses dias para entrar com a
mediação e o tratamento.
Então que venham as próximas etapas. E que Deus segure sempre a
minha mão e a de tantos que lutam comigo contra essa doença que não tem idade,
cor ou credo, pois mesmo sendo infiéis, Deus permanece fiel, pois não pode
negar-se a si mesmo. 2 Timóteo 2:13