sábado, 13 de janeiro de 2018

Radioterapia, sintomas, e apoio familiar

Olá pessoal.
Hoje vou começar o texto com uma reflexão.
Quando me perguntam como me sinto quando o Deus que eu creio não tira de mim as enfermidades.
Eu faço analogia ao meu marido. Como assim, Aline?
Já explico:
Quando peço ajuda  com  algum serviço de casa, por exemplo, lavar a louça do jantar. Ele diz que vai fazer. E quando é de manhã, a louça está na pia. Quem nunca?
A gente fica triste, chateada, afinal, ele disse que faria, não é mesmo?
Logo após acordar, ele vai e deixa tudo limpo. E a minha tristeza, posso dizer até mesmo braveza, termina ao ver a pia limpinha.
Assim Deus faz com a gente. Por mais que não ficamos nada felizes ao receber os milagres no nosso tempo, Deus não é homem para que minta. Ele vai fazer no tempo Dele, e não adianta a gente ficar bravo. Basta termos confiança que Ele fará.
Eu poderia ter mil questionamentos na minha cabeça.
Pois depois da cirurgia de 19/09/2017, que teve, posso dizer, o pior pós-operatório que já passei, com muito medo da cirurgia abrir, usar o tal capacete de ataduras, passar noites e noites sem dormir, porque não havia nenhuma posição confortável, passar meses comendo comida batida no liquidificador, de canudinho, e com muito cuidado pra não sair tudo pelo nariz.
Ainda 15 dias após tudo isso, iniciar a radioterapia, e desenvolver 6 tumores na região operada, sabendo através do médico que essa região não poderá ser operada nunca mais, porque tudo que a medicina poderia retirar e eu continuar viva, já foi retirado.
É uma luta ferrenha, diária, contra a doença, contra o medo da morte, sentindo seu corpo definhar, dia após dia. Perdendo peso, perdendo as forças, perdendo a voz, e até mesmo a vontade de viver, pedindo a Deus que faça o melhor, porque você já não aguenta mais ver o sofrimento da sua família, ver sua filha pedindo colo e você não ter forças pra segurar ela no colo.
Durante a radioterapia, eu tive queimaduras muito doloridas, a pele do meu pescoço soltou todinha. 
 


E tem uma secreção, tipo um catarro, que permanece até hoje 13/01/2018. É uma secreção que parece uma cola. Ela gruda na garganta, a ponto de a musculatura que deveria expulsá-la não consegue, e me dá muita ânsia de vômito.
Dia 22/12/2017 tive consulta com o médico da oncoclínica, pois tínhamos combinado que assim que eu terminasse a radioterapia eu iria falar com ele. Então terminei a rádio e fui.
A radioterapia deu fim a 3 tumores menores, mas ainda ficaram 2 tumores maiores.
E o médico me disse que se até 02/02/2018 esses tumores não sumissem, que iriamos retomar a quimioterapia. Me pediu tomografia da cabeça à pelve e exames de sangue para fazer próximos ao dia da consulta. Ainda não fiz. Ele também me liberou para viajar, o que fiz, com muito medo de chegar ao destino e ter febre.
Fui então para a casa da minha avó, minha tia e minha sogra, em Terra Roxa, no interior do Paraná.
Cheguei sem forças, não conseguia nem sair do carro. Minha mãe tinha levado sopa batida no liquidificador e outros líquidos pra eu me alimentar durante a viagem, mas o cansaço físico foi muito grande, afinal, foram 600km de viagem.
Passei a ceia de natal comendo sopa de canudinho, vendo toda a família comer tudo de mais gostoso. Não porque a cirurgia tinha deixado uma sequela tão grande, mas porque os alimentos tinham um sabor tão amargo, devido a radioterapia, que a única forma de conseguir comer, era tomar de canudinho.
Passados 4 dias da ceia, consegui comer quiabo. E assim passei vários dias comendo só quiabo, ou quiabo com abóbora, ou milho cozido.
Isso se sustentou por vários dias ainda.
Até que meu marido recebeu uma mensagem de uma irmã, esposa de um pastor, que vive na cidade de Iporã, ali perto, dizendo que era pra nós irmos até eles que queriam orar por mim.
Fomos pela fé, porque forças eu não tinha. Chegando lá, o Pastor José Lima orou, a Irmã Hulda também e minhas cunhadas Maria Helena, Irene, minha mãe e meu marido e eu oramos também. Deus usou a irmã Hulda pra falar. Ele disse que me estava me dando a vitória e que eu seria usada na obra Dele.
Em seguida a irmã Hulda serviu o almoço. Eu tinha até trazido quiabo de casa para preparar. Ela fez o quiabo pra mim.
Eu disse, vou pegar o arroz e feijão pela fé, porque até hoje cedo, nem o pão consegui comer de tão amargo. E comi, o arroz, o feijão, o quiabo, ainda peguei salada de repolho com tomate e comi tudo. A emoção em conseguir comer, após mais de 40 dias comendo só de canudinho, foi tanta, que eu chorei, glorificando a Deus, e todos ali choraram comigo.
Deus é lindo, cuida da gente nas pequenas coisas. Imagine nas grandes.
Ainda em Iporã, paguei uma divida a uma amiga. Um abraço apertado, que não pude dar quando ela perdeu sua mãe. Simone, minha amiga, aquele abraço foi muito importante para mim. Sentir seu carinho após tantos anos (mais de 10 né) sem nos vermos, conhecer seus filhos e podermos conversar, mesmo que por tão pouco tempo foi muito importante pra mim.
Voltando a Terra Roxa no mesmo dia e revendo a cada dia meus familiares, recebendo o carinho, o cuidado e o amor de cada um.
Recebendo vistas de amigos queridos, alguns tirei fotos, outros não tinha mais espaço no telefone e nem onde descarregar. Mas podem ter certeza que também meu coração ficou cheio de alegria, que não cabia mais em mim. Poder ver cada um de vocês, poder dar aquele abraço apertado não tem preço. E nem foto que possa dizer o quanto cada momento foi especial.
Deus é tão lindo que preparou muitas pessoas, que me deram roupas, muitos presentes, pois perdi 22kg, e com eles todas as minhas roupas, nada me servia mais. Sou grata a Deus pela vida de cada pessoa que me presenteou. Que se lembrou de mim e da Esther e nos presenteou esse período todo.
Deus me deu uma família incrível, no meu nascimento, outra família incrível no meu casamento, e amigos incríveis que são tão chegados quanto irmãos.
 
 Meus tios e vó
Tia Arlinda que veio me visitar em Curitiba


 Almoço de família - laços sanguíneos

Visita da prima Monica, que depois trouxe o restante da familia. Amados!!11 




Amigas especiais da infância pra maturidade.  

Marido amado, que me acompanha desde e o começo e cuida de mim.



O quarteto fantástico, que passa junto comigo as dores e vibrando comigo a cada pequena vitória.

Aquela amiga que faz o que pode e o que não pode pra te ajudar. Obrigada por tudo Ju!


 

 Família que veio junto com o casamento. Amo todos vocês.




Despedida de Terra Roxa,

















Voltei de viagem mais fortalecida, tanto com o corpo físico quanto o meu espírito. Sou grata a Deus pela vida de todos vocês, por se permitirem fazer parte da minha vida, por se preocuparem, por fazerem esforços para me ver. Amo muito vocês. Obrigada pelas suas amizades, obrigada por me aceitar na família e me amar acima de tudo.

A mensagem hoje é: Seja grato, na pior das situações. Seja grato, poderia ser pior. Seja grato pela sua família, seja grato pelos seus amigos, seja grato porque tem saúde, seja grato porque Deus cuida de ti, mesmo quando você pensa que não. Não se apegue a pequenos defeitos dos outros. Você também tem defeitos que os outros também são obrigados a aturar. Os relacionamentos geralmente terminam por pequenas coisas. Sempre se coloque no lugar do outro antes de julgar. A empatia é uma grande qualidade. E o maior de todos os conselhos que dou aqui é bíblico. Ame o próximo como a ti mesmo. Tenha certeza que o máximo que você vai receber de volta é amor. Isso mantém nosso coração quentinho e nossa mente em paz. Fiquem com Deus. Beijos.

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